Sociologia - Antropologia Cultural
A conquista da América
Colombo: o observador da natureza
O objetivo religioso de Colombo era fazer uma Cruzada, para que assim pu-
desse levar o cristianismo no mundo todo e acabar com as heresias. Ora, a idéias Cristóvão Colombo
de se implantar uma Cruzada nesta época já era obsoleta, porém, para Colombo
era sua missão. No entanto, algo mais começava a chamar a atenção de Colombo:
A natureza. A natureza trazia regozijo para Colombo e fazia com que este se sentis-
se intérprete de seus desígnios. A natureza pura fazia com que Colombo imaginas-
se que ali existisse seres diferentes como: ciclopes, homens com cauda e focinho
de cachorro, etc.
Os escritos de Colombo revelam que ele era mais paciente quando observava a natureza do que
quando tentava compreender os indígenas. Seus manuscritos descrevem minuciosamente tudo o que
havia na terra “descoberta”. Mosén Jaume Ferrer, um dos correspondentes de Colombo havia escrito em
1495 que as regiões muito quentes com habitantes negros e onde se encontram muitos papagaios, era
local de riquezas inexauríveis, desta maneira, Colombo não se cansava em descrever nos seus manus-
critos estes fatores naturais da “nova terra”.
As terras que Colombo se encontrava já tinham nomes naturais, no entanto, ele não se importa-
va com isso e fazia questão de nomeá-las novamente. Isto também era uma forma de se apossar destes
locais. Até os indígenas eram renomeados por Colombo. O primeiro gesto de Colombo quando entrou
em contato com as terras “descobertas” foi a declaração segundo a qual elas passariam a fazer parte do
reino da Espanha.
Colombo e os indígenas
Colombo não aceitava a cultura dos povos que viviam nas “terras descobertas”, por este motivo,
não considerava os hábitos, costumes, crenças e língua dos indígenas.O desprezo pelos indígenas era
exacerbado, tanto que Colombo nem procurava compreendê-los.
Podemos perceber que os manuscritos de Colombo falam dos indígenas porque simplesmente
faziam parte da paisagem. Suas menções sobre eles aparecem sempre no meio de anotações sobre a
natureza. A imagem que Colombo nos dá dos indígenas era basicamente física, ou seja, descreve seus
belos corpos, rostos, etc.
Os indígenas e espanhóis não se comunicavam verbalmente, porém, trocavam objetos entre si.
Colombo se divertia com esta situação dizendo que os indígenas davam tudo por nada. Isto porque os
espanhóis só lhes concediam “bugigangas” sem valor nenhum.
O sentimento de superioridade fez com que Colombo proibisse essas trocas. No entanto, o pró-
prio Colombo continua oferecendo “presentes” para os indígenas, sem mencionar que foi ele mesmo
que ensinou os indígenas a apreciarem e exigirem tais “presentes”.
Os costumes eram distintos, os indígenas viviam em comunidade, ou seja, tudo era de todos. Os
espanhóis, por sua vez, viviam numa sociedade individualista, calcada na acumulação de riquezas; es-
tas diferenças causaram embates entre eles
A conquista da América teve para os espanhóis como justificativa principal a referência aos cris-
tãos que vieram para o “Novo Mundo” imbuídos da religião, levando em troca, ouro e riquezas.
Colombo age como se entre as duas ações se estabelecesse um certo equilíbrio: os espanhóis dão
a religião e tomam o ouro. Se os indígenas se recusassem a entregar o ouro, seriam subjugados militar e
politicamente, numa posição de seres inferiores. Nota-se que esta relação não era nem um pouco equi-
librada e sim precursora de grande desigualdade. Encontra-se ai o germe da ideologia escravagista.
Os primeiros contatos já revelavam o interesse dos espanhóis em escravizar os nativos das “terras
descobertas”, pois julgavam ser eles inferiores. No espírito de Colombo, fé e escravidão estavam intrin-
secamente ligadas.
A história da conquista da América foi marcada pela recusa da alteridade humana. Colombo e seus
homens não reconheceram a identidade indígena e se opuseram a tudo que não era da cultura deles.
