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Sociologia

 

Cultura real (ação e pensamento)

 

A cultura real só pode ser percebida parcialmente, posto que ela representa aquilo que todos os

 

membros de uma sociedade praticam ou pensam nas suas tarefas cotidianas. A cultura real é subjetiva,

 

por este motivo, os estudiosos da cultura não podem ter uma única visão da realidade, pois, a mesma, é

 

apresentada de diversas maneiras de acordo com o ponto de vista de cada indivíduo.

 

Cultura imaterial

 

São elementos não concretos da cultura como valores, hábitos, crenças, potencialidades, normas,

 

valores, significados, etc.

 

Exemplo de cultura imaterial (crenças)

 

A morte é o lastro da maioria das crenças e superstições.  Não existe incógnita maior do que a

 

morte. Nas crenças ela é relatada como algo sobrenatural e temido. Ela representa uma sentença eterna.

 

Os povos da antigüidade como, por exemplo, os egípcios; acreditavam que o indivíduo ao morrer dor-

 

miria até o dia do julgamento final. Na mitologia egípcia, Anúbis, o deus mais popular e venerado qua-

 

renta e cinco séculos antes de Cristo, era filho de Osíris e de Néftis, sua irmã. Anúbis instituirá, segundo

 

a mitologia, uma espécie de culto aos mortos, através de ritos funerários e embalsamento. Pois o corpo

 

deveria estar intacto para abrigar a alma que retornaria no dia do julgamento decisivo. Anúbis estava

 

presente em todas as celebrações funerárias, e dirigia todos os detalhes das homenagens dirigidas ao

 

falecido. Todos os indivíduos, independente da riqueza que possuíam, teriam por direito sagrado à uma

 

morada física. Ou seja, um sepulcro, fosse este, uma pirâmide real, cova simples, mastaba rica, etc. Quem

 

fosse contra esta regra seria amaldiçoado pelas mãos de Anúbis. O bem e o mal são as forças antagôni-

 

cas que decidem o destino das almas. Na mitologia egípcia, o julgamento das almas era feito por Osíris,

 

pai de Anúbis. Osíris possuía uma balança de ouro onde se pesava as obras do réu.

 

Vemos a relevância da morte nas concepções de crenças. Passaram-se muitos séculos, para que,

 

em Roma fosse estabelecida após vários fatores, a

 

religião cristã

 

.

Na religião cristã também existe um juiz

 

e guardião das almas. Refiro-me, a São Miguel Arcanjo, que como Anúbis, na crença egípcia, também

 

guarda e, diante de Deus, apresenta às almas pesando em sua balança, os atos das mesmas. Se as obras

 

más pesarem mais que as boas, esta alma padecerá no inferno, sofrendo eternamente os flagelos que

 

serão impostos pelo senhor do abismo negro, ou seja, o demônio.

 

Algumas crenças pregam que as almas voltam ao mundo físico, ou ficam vagando para pagarem

 

os males que fizeram. Desta maneira, surgem várias concepções ao respeito. As superstições que englo-

 

bam o sobrenatural são tão infindas que seria impossível relatar todas elas “nesta vida”.

 

Em Mariana, cidade de Minas Gerais, por exemplo, o sobrenatural faz parte do imaginário dos mo-

 

radores. Dizem até, que os espectros que vivem na cidade, são mais numerosos que os moradores vivos.

 

As superstições se proliferam, como sinal de proteção e aviso ao seres vivos. Citarei algumas supersti-

 

ções dos moradores do local. Vejamos:

 

“Botar feijoada no fogo, à noite, é preciso antes botar sal. Pois, o sal protege o caldeirão das almas

 

que foram assassinadas com arma de fogo indo, desta maneira, lavar suas enfermidades no caldeirão,

 

azedando toda a feijoada”.

 

“Para o pai e a mãe não falecerem, o filho não deve pentear os cabelos à noite”.

 

“Quando o espelho quebra sem nenhum motivo, uma pessoa da casa morrerá dentro de poucos dias”.

 

“Jamais olhe seu reflexo nas águas de um rio, pois o Diabo vem e lhe rouba a alma, e você morre-

 

rá na beira do mesmo.”

 

Cultura ideal (filosofia correta em termos teóricos)

 

Representa um conjunto de comportamentos que são propagados como corretos, perfeitos, no

 

entanto, na prática não são seguidos por todos os membros de um grupo social.

 

Endoculturação

 

É a aprendizagem e estabilidade de uma cultura, ou seja, cada indivíduo recebe as crenças, os mo-

 

dos de vida da sociedade a que pertence, o comportamento, hábitos e valores.

 

A sociedade controla os atos, comportamentos e atitudes de seus membros.

 

Aculturação

 

É a fusão duas culturas diferentes, ou seja, dois grupos que entraram em contato. Esse contato,

 

quando contínuo, engendra alterações nos padrões de cultura de ambos os grupos. Paulatinamente, es-

 

sas culturas fundem-se e formam uma sociedade e cultura nova.

 

Subcultura

 

É um meio peculiar de vida de um grupo menor dentro de uma sociedade maior

 

Exemplo:  A  cultura  do  Nordeste  brasileiro;  A  cultura  do  Vodu  na  Jamaica;  Skinheads;  Punks;

 

Emocore; etc.

 

Sincretismo cultural

 

É a fusão de dois elementos culturais análogos (práticas e crenças), de culturas diferentes ou não.

 

Exemplo: A cultura africana que entra em contato com a cultura cristã.

 

Antropologia Cultural               

 

Raça

 

A palavra raça foi introduzida há aproximadamente 200 anos nos estudos científicos. No entan-

 

to, pouco se sabe sobre a sua origem. Etimologicamente a palavra raça viria de “

 

radix”

 

palavra latina que

 

quer dizer raiz ou tronco.

 

Em vários estudos a palavra raça tem sido empregada para fazer referência a indivíduos que são

 

identificados como pertencentes a um determinado grupo. Assim sendo, são indivíduos que pertencem a

 

uma mesma linhagem ancestral e possuem os mesmos hábitos, ideais, crenças, costumes e tradições.

 

A palavra raça, entretanto, tem uma conotação muito mais ampla. Cientificamente ela significa o

 

que é único biologicamente. Assim, não existem subdivisões raciais quando falamos em seres humanos,

 

pois, neste caso, só existe uma raça que nos distingüe dos outros animais, ou seja, a raça humana.

 

Etnia

 

É um grupo de seres humanos unidos por um fator comum (língua, religião, costumes, valores,

 

nacionalidade) e possuem afinidades culturais e históricas.

 

Relativismo cultural

 

Mostra as particularidades de cada modo de vida. Os indivíduos possuem modos de vida especí-

 

ficos adquiridos pela endoculturação. Assim, possuem suas próprias ideologias e costumes:

 

Toda a cultura é considerada como configuração saudável para os indivíduos que a praticam. Todos os po-

 

vos formulam juízos em relação aos modos de vida diferentes dos seus. Por isso, o relativismo cultural não con-

 

corda com a idéia de normas e valores absolutos e defende o pressuposto de que as avaliações devem ser sempre

 

relativas à própria cultura onde surgem. (MARCONI; PRESSOTO, 1989, p.51)

 

Exemplo: A figa é utilizada por algumas pessoas como um amuleto da sorte. No entanto, para os

 

antigos romanos ela significava uma relação sexual.

 

Etnocentrismo

 

É a supervalorização da própria cultura em detrimento das demais. O etnocentrismo gerou e ain-

 

da gera muita intolerância, preconceito e discriminação. Quando julgamos a cultura do outro entende-

 

mos que a nossa cultura é a única correta e que o outro precisa modificar-se e seguir os nossos “ideais

 

 

Vamos englobar essas duas concepções para definir qual conceito de Cultura,  portanto,  será  entendida 

por  nós  como  a  variedade  de  modos  de  vida,  crenças, hábitos, valores e práticas de diversos povos.

Assim, o termo cultura também pode ser entendi-

 

do como modo de produção já que ambos significam o jeito de ser de uma determinada sociedade

 

e o que ela produz.

 

Aprendemos que o ser humano é coletivo e que necessita do grupo para dar início ao seu pro-

 

cesso de humanização e que, por meio do trabalho e da sua capacidade de pensar modifica a natureza

 

para sanar as suas necessidades. Além disso, cria códigos de comunicação que são utilizados pelo gru-

 

po ao qual pertence.

 

A História nos mostra inúmeras culturas, ou seja, modos de vida. Ao analisarmos, por exemplo, os

 

rituais dos maias, civilização mesoamericana pré-colombiana com uma existência de 3 000 anos, pode-

 

mos perceber que essa civilização realizava alguns rituais, dentre eles o sacrifício humano.

 

Os espanhóis criticaram a crença dos Maias com base na doutrina da Igreja Cristã e disseram que

 

tinham por missão ensinar a religião “certa” para os “primitivos”. Para os espanhóis, esses rituais eram sel-

 

vagens e demoníacos:

 

(...) Colombo age como se entre as duas ações se estabelecesse um certo equilíbrio: os espanhóis dão a religião e to-

 

mam o ouro. Porém além de a troca ser bastante assimétrica, e não necessariamente interessante para a outra parte, as

 

implicações desses dois atos se opõem. Propagar a religião significa que os índios são considerados como iguais (dian-

 

te de Deus). E se eles não quiserem entregar suas riquezas? Então será preciso subjugá-los, militar e politicamente, para

 

poder tomá-las à força; em outras palavras, colocá-los, agora do ponto de vista humano, numa posição de desigualda-

 

de (de inferioridade). (TODOROV, 1999, p.53)

 

Assim, criticamos a cultura do outro partindo do pressuposto de que a nossa cultura é a corre-

 

ta. Por não queremos compreender o outro, que é visto como o “Alien*

 (estranho), cometemos um pré-conceito, ou seja, julgamos antes de conhecermos algo ou alguém

 

.Essa postura é muito perigosa, pois gera intolerância.

 

Os Maias faziam rituais em favor do grupo, ou seja, o sacrifício humano era uma entrega para o

 

bem estar coletivo, segundo as suas crenças. Os espanhóis supervalorizaram a cultura européia e rejei-

 

taram a cultura dos indígenas. Essa rejeição resultou em assassinatos, exploração e crueldades das mais

 

diversas cometidas contra os povos conquistados:

 

(...) Os espanhóis cometeram crueldades inauditas, cortando as mãos, os braços, as pernas, cortando os seios das mu-

 

lheres, jogando-as em lagos profundos, e golpeando com estoque as crianças, porque não eram tão rápidas quanto as

 

mães. E se os que traziam coleira em torno do pescoço ficassem doentes ou não caminhassem tão rapidamente quanto

 

seus companheiros, cortavam-lhes a cabeça, para não terem de parar e soltá-los. (TODOROV, 1999, p.169.)

 

Esses exemplos mostram o quão nocivo é pensar que o seu modo de vida (valores, crenças, ideo-

 

logias, práticas, etc.) é o único correto e que o outro sempre está errado. É o caso, por exemplo, quando

 

nós ocidentais julgamos a cultura oriental especificamente do árabe muçulmano. As mulheres ociden-

 

tais criticam a forma como as mulheres árabes muçulmanas se vestem, ou seja, cobertas como uma bur-

 

ca deixando, muitas vezes, só os olhos à vista. As mulheres árabes muçulmanas, por outro lado, criticam

 

a postura das mulheres ocidentais, pois, segundo elas, as mulheres do ocidente preocupam-se em de-

 

masia com a estética do corpo e sofrem por causa desta busca desenfreada ao corpo perfeito passando

 

por inúmeras cirurgias como lipoaspiração, inserção de próteses mamárias, etc. Veja o choque cultural!

 

Não podemos julgar culturas, pois cada grupo social constrói seu jeito de viver de acordo com o que

 

acha certo, assim devemos apenas buscar compreender as diversidades culturais e respeitá-las acima

 

de tudo. Portanto, somente através da tolerância podemos construir um mundo melhor onde todos te-

 

rão direito de expressar suas verdades.

 

 

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